Buscando elucidar parte das dúvidas que surgiram no post anterior, segue uma interessante colaboração técnica do nosso colega Luiz Eduardo Favero:
“Trabalhei alguns anos com oficina especializada em preparação de motores (turbo e aspirado) para competição. Tinha um cliente muito amigo, que era Engenheiro Mecânico com Mestrado na área de lubrificantes. Trabalhou na Volks e GM, foi um dos responsáveis pelo lançamento do Ômega nacional nos anos 90. Pois bem, este cliente já havia me dado diversas aulas sobre tipos e qualidade dos lubrificantes. Com base neste conceito que aprendi com ele, eu sugiro trocar o óleo com os primeiros 1.000 km rodados e depois a cada 5.000 km, e já vou explicar o porquê. Tenho um Cerato E233 2011/2012 e fiz exatamente isto. O veículo tem hoje 7.000 km.
Por que trocar o óleo nos primeiros 1.000 km? Este conceito se aplica à industria nacional e na verdade nem sei como é o procedimento Coreano, mas a explicação é simples. Na montagem do motor (aqui no Brasil) é usado um óleo monoviscoso (normalmente SAE 30). Este óleo tem como função básica acelerar o processo de assentamento de partes móveis como os anéis no cilindro. Porém ele é responsável também por um desgaste prematuro do motor. Andar 10.000 km com este tipo de óleo é péssimo para o motor, além disto este óleo carrega resíduos metálicos, provenientes da usinagem do bloco/cabeçote.
As outras trocas devem acontecer a cada 5.000 km e não a cada 10.000 km. Hoje temos muitos óleos de boa qualidade, mas o nosso combustível não é de boa qualidade, e todos nós sabemos disso.
Principalmente para o caso dos veículos monocombustíveis, que é o caso do CERATO, as variações de quantidade de álcool na gasolina, mudam sobremaneira a eficiência do motor, e o que ocorre nestes casos é que a queima não é completa na câmara de combustão. Parte do combustível passa pelo cilindro e contamina o óleo, reduzindo a sua viscosidade e sua propriedade lubrificante. Não sei se vc sabe o que significa SAE 10/30. O 1º valor se refere à viscosidade na temperatura do motor desligado (frio) e o 2º valor se refere à viscosidade na temperatura do motor em funcionamento normal (quente). Parece estranho não é mesmo? Portanto não se iluda, pois o ser humano não possui viscosímetro no dedo, não dá par saber só de olhar, pois ao contrário do que a maioria pensa, para lubrificante automotivo, quando aquecemos o óleo ele aumenta a viscosidade, pois estes lubrificantes possuem polímeros que aumentam de tamanho com o aumento da temperatura. Para o caso de lubrificante monoviscoso, o aumento da temperatura diminui a viscosidade.
Quanto à questão ambiental, existem várias empresas de reciclagem de lubrificante, portanto não se justifica a preocupação com possível descarte na natureza.
Abraço a todos!”